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Festas e Romarias


As fogueiras de São João

Em junho, por alturas dos santos populares, comemoram-se as tradicionai fogueiras em honra do nosso padroeiro, S, João Baptista, mas também dos restantes canonizados (Santo António e S. Pedro). Normalmente, nos fins-de-semana do mês de junho e nos dias 23 e 24, coloca-se um palco no largo principal da aldeia e, com a ajuda de um pequeno conjunto musical, dançam-se as fogueiras pela noite dentro. Os homens e as mulheres perfilam-se par a par, cantando e bailando em roda entre palmas, serras e meias-voltas, orientados pelo mandador.

A deseignação dada a este evento deve-se ao facto de tradicionalmente se acendr uma fogueira no meio da roda, que os rapazes/mancebos saltavam energeticamente. Este facto fáz-nos montar a ritos eniciáticos tribais, onde os jovens testam a sua virilidade em provas de esforço para posterior integração na comunidade. Também aqui, desde há muito, os auspiciosos saltos da fogueira pretendiam demonstrar a agilidade dos que seriam brevemente os homens da aldeia.

Estes malabarismos contribuiam para impressionar as raparigas que se agrupavam, com os seus bonitos aventais bordados especialmente para a ocasião, tecendo comentários e soltando sorrisos escondidos. O acto de bordar os aventais denota a intensão de embelezamento das raparigas, que se preparavam para a festa, mostrabdo os seus dotes de meninas prendadas.

 Andar de roda permitia namoriscar e o toque das mãos aproximava os enamorados. Os rapazes chamavam as raparigas para a dança enquanto os pais, coniventes, participavam também. Era um cortejar consentido, à sememlhança das cantigas de amigo medievais, em que as mães, acompanhando as filhas à romaria, permitiam os encontros amorosos, utilizando um código de linguagem comum e, ao mesmo tempo, fazendo-se respeitar.

Outrora as pessoas da aldeia, depois de muito bailar, partiam em direção a freguesias vizinhas, sempre acomapnhadas do seu mandador, cantando ao luar e evocando amores. Seguem-se as letras de algumas músicas típicas desta tradição:

 

Fogueiras de S. João

Foguerias de S. João

O que elas vieram dar,

Roubaram-me o meu amor

Na maior força de amar,

 

Ó madrugada dá-me os braço

Que eu dou-te o meu coração,

Estás presa por mil abraços

Fogueiras de S. João

 

A Fonte

Fui à fonte p'ra te ver

Ao rio para te falar

Nem na fonte, nem no rio

Fui capaz d ete encontrar

 

Ora bate padeirinha

Saiba pôr o pé no chão.

Ora bate padeirinha

Amor do meu coração.

Ora bate padeirinha

Saiba pôr o pé na areia

Ora bate padeirinha 

Meu amor está na candeia.

 

As carvoeiras

Foram elas, foram elas

Foram elas que eu bem sei.

Foram elas que disseram

Que eu namorava o rei

 

São tão bonitas

As carvoeiras

São tão catitas

Tão feiticeiras

Ó que belo rancho

Da macidade

Cantai raparigas

Ora viva liberdade

 

Liberdade, liberdade

Quem a tem, chama-lhe sua

Eu não tenho liberdade

Nem p'ra pôr os pés na rua.

 

 

Chapéus de São João

A aldeia de Brasfemes, fundada a partir da sua igreja como era usual nessa altura, tem como Santo Padroeiro S. João Batista, embora nos dias de hoje a festa anual seja realizada em honra a Mártir S. Sebastião. Ainda assim, as tradições religiosas desenvolveram-se em torno de S. João Batista e os “Chapéus de S. João” serão, provavelmente, a mais peculiar tradição religiosa na zona de Coimbra, muito característica da aldeia de Brasfemes.

Assim, no dia 24 de Junho, dia de S. João Batista, as pessoas de Brasfemes deslocam-se à Igreja Paroquial onde colocam um chapéu de palha na cabeça e, ajoelhadas, rezam a S. João pedindo juízo.

A origem desta tradição não é, ainda, conhecida contudo, ao longo dos tempos, diversas histórias têm sido contadas. Uma delas diz-nos que, em tempos idos, se faziam grandes romarias a S. João Baptista vindo pessoas de diversas aldeias adorar o santo. Essas pessoas, que vestiam a sua melhor roupa, nunca esqueciam do seu chapéu. No desenrolar das festas, muitos perdiam os seus chapéus e outras peças de roupa, sendo estas recolhidas e guardadas na igreja para posterior entrega aos seus donos, casos eles as procurassem. Muitas destas peças de roupa não eram reclamadas.

Acreditava-se que estes chapéus, por terem sido perdidos nas romarias a S. João Batista provavelmente por pessoas “sem juízo”, tinham alguma capacidade “milagrosa” e eram utilizados nas rezas a este santo para que este lhes desse juízo, ou seja, proteção contra a demência. Embora muitas peças de roupa fossem perdidas nestas festas, era os chapéus utilizados porque eram os que ficavam mais perto da cabeça e, por isso, aqueles que mais facilmente a protegeriam da demência.

Hoje, não sabemos se esta história tem algo de verídico ou será apenas uma lenda, contudo, certamente que contribui para a riqueza cultural desta freguesia.

Publicado por: Freguesia de Brasfemes

Última atualização: 08-05-2024